quarta-feira, 21 de março de 2012

Livros aleatórios de ficção-científico-fantasiosa que merecem ser lidos - Parte V.

Por Carlos Gabriel F.

Antes de elaborar uma lista é necessário enfatizar que os itens abaixo descritos e devidamente mencionados estão sendo analisados por fatores subjetivos. Quero dizer: não foram registrados em cartório como os melhores já escritos ou que mereçam presença divina em suas respectivas estantes. Posso dizer que são livros absolutamente aleatórios, que li em um período de tempo e que creio merecer destaque aqui, neste espaço virtual que estamos criando paulatinamente.

O gênero que me chegou primeiramente à mente e que dá característica à lista é a ficção/fantasia, daqueles que narram estórias que existem apenas nas páginas amareladas e distanciam-se do plano real (quem sabe?); daquelas que criam seres novos e relacionamentos surpreendentes; que em cenários de horror traçam cenas de suspense capazes de dar vertigens; que dão vida àquilo que algum dia cientificamente possa vir a existir.

Já que estes aspectos foram mensurados (novamente. Confira a primeira, segunda, terceira e quarta!), que comecemos:

Estive relutando em colocar “Marcada” (2007) aqui nesta lista por motivos de: acanhamento literário. A série “House Of Night”, com já nove publicações, situa-se naquele nicho de histórias-que-surgiram-no-aglomerado-vampiresco que viemos acompanhando desde o estouro da saga “Crepúsculo”. A narração de P.C. Cast e sua filha, Kristin, não merecem, entretanto, o desprezo que às vezes recebem. O modo como trabalham a estilista é simples, de modo a se aproximar do público alvo: o infanto-juvenil. Encontramos aqui Zoey, uma menina ainda jovem que acaba de ser marcada – em outros termos: recebera em sua testa a marca da lua crescente, o que significa que foi escolhida para entrar na Casa da Noite, a fim de ser treinada como um vampiro. Engana-se que a trama é superficial e supérflua. Entramos, por meio da astúcia das autoras, no mundo de uma deusa feminista, que envolve magia e, sobretudo, os quatro elementos. Zoey irá se ver inserida em um novo contexto, preenchida pela nova perspectiva e diferentes anseios. Os livros consequentes traçam a nova identidade da garota, que enfrentará inimigos grandiosos e irá se tornar algo antes imensurável. 

“Eu busco força, não para ser maior que os outros, mas para lutar contra meu maior inimigo, que é a dúvida dentro de mim mesma.”

Ganhei “A Estrada” (2006) de meu pai e, pois bem, não haveria contexto melhor para o presente ser inserido. Cormac McCarthy nos transporta, por meio de uma narração incrivelmente bem detalhada, para um cenário pós-apocalíptico. Acompanhamos, por ora, um pai e seu primogênito no caminho para a costa, sem saber discernir os motivos que não a salvação necessária. Os humanos neste período vivem aos bandos, com a necessidade de sobrevivência, tanto perante o novo contexto quanto os assassinos que matam por motivos da condição ali submetida. É uma história sobre esperanças e união entre um pai e seu filho num mundo caótico. É sobre manter uma relação mesmo que em situações extremas.
“Eu disse ao garoto que quando você sonha com coisas ruins significa que você ainda está lutando e que ainda está vivo. E quando você começa a sonhar com coisas boas é a hora em que você deve começar a se preocupar.”

Feios” (2005) já esteve aqui, de fato, em tempos passados, numa resenha feita magnificamente por Arthur. O problema em questão é que não poderia deixar essa brochura de fora da lista que aqui venho traçando. Gosto de Scott Westerfeld e sua linha de pensamento que nos leva direto ao ponto. A metáfora neste livro traçada é de tamanha coincidência com o nosso cosmo social contemporâneo que considero o livro, apesar de ficção norte-americana, de grande necessidade a ser mensurada. Vivemos de estereótipos de belezas e atribuímos coerções àqueles que não seguem tais parâmetros. A crítica de Scott se baseia (aqui traçado superficialmente, mas neste post mais detalhado) nesse quesito jovial, na necessidade de se encaixar numa comunidade de estranhos. 
“A natureza, afinal, não precisava de uma operação para ficar linda. Ela simplesmente era.”



É sim, é sobre aquele filme de 2008 (horrível, diga-se de passagem) da Sessão da Tarde que num futuro-próximo irá ser transmitido com frequência na rede de televisão aberta. “Viagem ao Centro da Terra” (1864) segue o ritmo já conhecido de Júlio Verne aventureiro. O que tanto me impressiona aqui é a descrição dos métodos e objetos geográficos – gosto disso, da narração simplista daquilo que de outro modo não conheceria. Tudo começa quando Dr. Lidenbrock e seu sobrinho Axel tentam desvendar códigos escritos por alquimista do século XVI que, porventura, pode ter ido ao centro da Terra. A partir deste ápice, ambos os personagens tramam uma aventura a fim de descobrir as profundezas da crosta. Um clássico que merece ser lido! 
“A fabulous world below the world.”

Precisamos de mais detalhes sobre Zafón depois de “Marina”? Este foi o meu primeiro, o que me fez elucidar e marcar no cerne a minha paixão por esse homem. Em “A Sombra do Vento” (2001) vivemos com Daniel Sempere numa Barcelona de 1945 com suas visitas ao Cemitério dos Livros Esquecidos, uma extensa biblioteca secreta que opera como depósito de brochuras abandonadas ao redor do mundo. É neste universo paralelo que Daniel encontra A Sombra do Vento, data como de autoria de Julián Carax. É neste ponto que Zafón aproveita para fazer o que sabe de melhor: criar mistérios (e romances, claro). Viajando através do tempo, o nosso protagonista tenta solucionar o segredo acerca do livro encontrado. 
“Quanto mais vazio está, mais rápido o tempo passa.”



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