por Arthur Franco
Em 1945, George Orwell já escrevia obras atemporais. A fabulosa
A Revolução dos Bichos é prova disso. O
livro é uma sátira aos regimes de governo, principalmente ao comunista,
representado na época por Stalin. Utilizando uma ‘fábula’, o autor critica a
sociedade e mostra o lado ‘porco’ da humanidade.
A história se passa
na fictícia Granja do Solar, mantida pelo proprietário Sr. Jones. Lá são
criados porcos, galinhas, cachorros, vacas, entre outros animais. O porco mais
velho, nomeado Major, teve uma vez um sonho, no qual os animais eram
auto-suficientes e viviam independentemente dos humanos. “Basta que nos
livremos do Homem para que o produto de nosso trabalho seja só nosso”, disse o
porco. Esse novo tipo de sociedade seria chamado Animalismo. Seria uma
sociedade paradisíaca, majestosa, onde os animais poderiam aproveitar o seu
tempo livre e ninguém seria mais obrigado a conduzir carroças ou a produzir
leite. O Major morre logo depois, mas a sua morte só serve para dar
mais fervor e impulso à revolução. Depois de expulsar Jones e sua mulher da
Granja, os animais tomam o poder e os jovens porcos Bola-de-Neve e Napoleão são
os novos comandantes da então recém criada Granjas dos Bichos. A vida agora era
outra: os animais iriam aprender a ler, a escrever, teriam datas comemorativas,
criariam uma bandeira e instituiriam sete mandamentos:
1. Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.
2. Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.
3. Nenhum animal usará roupas.
4. Nenhum animal dormirá em cama.
5. Nenhum animal beberá álcool.
6. Nenhum animal matará outro animal.
7. Todos os animais são iguais.
2. Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.
3. Nenhum animal usará roupas.
4. Nenhum animal dormirá em cama.
5. Nenhum animal beberá álcool.
6. Nenhum animal matará outro animal.
7. Todos os animais são iguais.
Os
mandamentos se congregavam em uma máxima que era constantemente repetida pelos
animais: “Quatro pernas bom, duas pernas ruim”. As ovelhas, como que para
acreditar nesse aforismo, repetiam quase que automaticamente. Essa prática se
assemelha àquela usada pelos comunistas: criação de slogans para a repetição
continua e de fácil memorização. Mas os porcos são como os homens: sedentos de
poder e de controle. Depois de um desentendimento, Napoleão expulsa Bola-de-Neve
e torna a vida dos animais um terror: nenhum deles tem mais poder de voto, as
horas de trabalho são maiores e a comida é cada vez mais racionada. Napoleão é
o ditador e os animais são seu povo, alienados e convencidos por argumentos cínicos
e fingidos; são entretidos por uma televisão colocada no celeiro e acreditam
que tudo de horrível que acontece na granja é culpa do desertor Bola-de-Neve.
Cinco anos é o tempo que Napoleão
já está no poder. A maioria dos antigos moradores já morreu, e os novos só
conhecem essa realidade opressora, em que a vida se resume a trabalhar e
trabalhar. Os sete mandamentos foram uma vez escritos na parede do celeiro, mas
como nenhum dos animais sabe ler (exceto o burro Beijamin), nenhum deles notou as
mudanças ao longo dos anos:
4.
Nenhum animal dormirá em cama com lençóis.
5.
Nenhum animal beberá álcool em excesso.
6. Nenhum animal matará outro animal sem motivo.
6. Nenhum animal matará outro animal sem motivo.
Os
porcos já vivam na casa de Jones e andam com chicotes nas patas. O comércio
entre homens e os ‘donos’ da Granja dos Bichos era freqüente. Caixas de whisky
chegavam aos montes. Em uma das reuniões entre os porcos e os homens, os
animais espiavam pela janela da cozinha. A cena que viram era grotesca, a
tradução da violação do último mandamento, que passará a ser “Todos os animais
são iguais mas alguns são mais iguais que os outros”. O que os animais viram é descrito na última cena do livro, provando que os homens, quando na busca por poder, podem se tornar 'animais': “As criaturas de fora olhavam de um porco
para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez;
mas já era impossível distinguir quem era homem, quem era porco.”
A revolução do título é uma alegoria a revolução Russa.
Podemos identificar os personagens desse momento histórico: Major pode ser
Lênin, Napoleão pode ser Stalin e Bola-de-neve como Trotsky. As ovelhas, o povo
que repete as propagandas e as grava na cabeça; os cachorros como os fiéis
guardar do ditador; o cavalo com seu tapa-olho que só o deixa olhar para
frente. E os personagens são sempre substituídos por novos: os antigos
ditadores caem e novos tomam o poder. Mas todos têm o mesmo lema, o mesmo
pretexto para subir ao poder: querem trazer a igualdade.
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