sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Hiatus (ou um tempinho entre as postagens).


Em alguns momentos precisamos parar, estender o caminho e refletir sobre novas reformulações. Não é o fim em absoluto, pelo contrário, mas um tempo pequenino entre duas postagens, um novo recomeço. O Dois Leitores terá uma férias trabalhosa para futuras transformações, no layout e no modo de sobreviver. Daqui algumas semanas voltamos melhor e mais capazes para viajar na brochura da inexplicável literatura.

Aguardamos vocês na volta!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Fronteiras da ficção.


Por Arthur Franco

Uma vez ou outra aparece livros que geram polêmicas e são até mesmo barrados em alguns países. Seja por motivos religiosos, sociais ou políticos, certas obras tem o dom de “colocar o dedo na ferida” de uma parcela da sociedade. A trilogia Fronteiras do Universo, de Philip Pullman, é um desses casos.


A Bússola de Ouro, A Faca Sutil e A Luneta Âmbar são três obras lançadas entre 1995 e 2000 e que levantaram opiniões negativas de diversos grupos cristãos. A história do primeiro livro acompanha Lyra Belacqua, uma garota de 12 anos que mora na Inglaterra. Entretanto, o universo de Lyra não é como o nosso. Lá, a alma das pessoas fica do lado de fora do corpo, se manifestando na forma de um animal, sendo essa manifestação chamada de Daemon. As crianças de Oxford começam a desaparecer misteriosamente, e cabe a Lyra tentar descobrir quem está por trás dos raptos. Nessa jornada ela encontrará bruxas, ursos de armadura, aeróstatas e contará com a ajuda de um instrumento poderosíssimo, a Bússola de Ouro.  Já em A Faca Sutil Lyra conhece Will Parry, um garoto do nosso universo que acidentalmente cai no universo paralelo. De posse de uma faca que pode cortar qualquer coisa, até mesmo brechas no tecido do espaço, Lyra e Will se unem para tentar descobrir o que é o Pó. No último livro Will e Lyra,com a ajuda de dois anos, têm de descer ao mundo dos mortos para tentar para o Pó e impedir que o vilão da série mate Deus, conhecido como A Autoridade.

Por abordar Deus como um ser que pode ser facilmente morto e retratar o mundo dos mortos de uma forma diferente daquela da Bíblia, Pullman recebeu diversas críticas de grupos católicos. No último livro vemos Deus como uma criatura tirânica e que não construiu o universo. O mundo dos mortos é um local terrível para onde todas as almas vão para passar o resto da eternidade sofrendo. Além disso, a crítica a Igreja é evidente. Em diversas passagens Pullman fala de como a Igreja controla e destrói tudo de bom, de como as pessoas que foram contra os ideais religiosos foram sendo calados ao longo da história da humanidade.


A coleção é fascinante. O leitor fica curioso com qual será o próximo passo da protagonista, além de que Pullman constrói um universo intrigante e muito bem arquitetado. Cada personagem tem sentimentos humanizados e dilemas típicos de todo indivíduos. Independente das críticas, o autor construiu uma obra certamente magnífica.  

domingo, 5 de agosto de 2012

A abelha-rainha.

Por Carlos Gabriel F.

Pretendo chegar na literatura por meio do jornalismo. Traço isso como uma meta de vida. E ver autores que admiro que trilharam o mesmo caminho é encorajador. Carlos Eduardo Novaes, sendo um pouco de tudo, lança-se em 2000 com um livro excitante nomeado “O menino sem imaginação”. Escrever um livro de tamanha primazia provavelmente é como dominar um animal selvagem; elucidar no leitor brasileiro a necessidade de mudança.

“Prefiro a realidade da minha imaginação – disse – a ter que imaginar minha realidade.”

Tavinho é um menino que trata suas tevês como pessoas. Concede a elas os seus poderes de imaginação. Sua telinha interior, assim chamada o poder de sua criatividade imagética mental, nunca funcionara e provavelmente veio com defeito de fábrica. Quando questionado para criar algo que nunca havia visto, o garoto se põe a temer o resultado.

“O real só existe onde a fantasia não foi descoberta.”

O futuro se dá pelo seguinte: uma transformação meteorológica, fenômeno exclusivo, alguns raios do universo e umas partículas soltas na atmosfera que impedem, sobretudo, que as ondas imagéticas sejam percorridas pelo território nacional. Toda uma população (aquela que comprovadamente é a que mais assiste tevê no globo terrestre) vê-se diante o inesperado de sobreviver sem um entretenimento divino.

“Sartre disse que ela é a consciência do nada.”

É neste momento que nosso personagem põe-se a perguntar de onde vem sua imaginação, porque tudo que produzia em sua mente era uma cópia da cópia da cópia (viva Chuck Palahniuk!). Como não acreditar que nossa imaginação é puro e simples efeito colateral de uma vida aprisionada por ideias já vistas? Como não perceber que, nesta sociedade do panóptico, cada vez mais atribuímos nosso valor imaginativo a uma rede social de delírios consumistas?

“A vida seria muito chata se a gente não pudesse delirar de vez em quando.”

O livro de Carlos Eduardo é de uma escrita leve, reflexiva-indutiva; uma forma lógica de nos colocar no lugar de Tavinho, e toda sua família viciada em um simples eletrodoméstico, para questionarmos o verdadeiro valor que damos para uma emissora. Tavinho tinha lá suas três televisões em um ambiente fechado, recluso, onde engolia tudo que era lhe passado e vivia para aquilo: o puro bel prazer uma vida induzida ao coma intelectual. “O menino sem imaginação” é um ensaio, principalmente, sobre aquilo que mais temo: a falta de habilidade de criação. 

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A obra-prima da mitologia.


Por Arthur Franco

Segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, mitologia é a história das divindades do paganismo, a explicação dos mitos ou um conjunto de fábulas. Entretanto, mitologia é um termo tão grandioso que abrange muito mais do que isso. Fala das lendas e dos mitos sem um autor definido, que passa de boca em boca por gerações. São histórias de heróis, deuses, musas que visam explicar o mundo e seus fenômenos.

Nesse sentido, a mitologia grego-romana é certamente a mais famosa. Até hoje sabemos de lendas e mitos originários desse período histórico e utilizamos vocábulos e conceitos desenvolvidos por essas civilizações.


O Livro da Mitologia, de Thomas Bulfinch, visa reunir a maior quantidade de histórias sobre deuses e heróis em um livro de excelente qualidade. Podemos tomar a obra como um dicionário, sem o rigor acadêmico, mas ainda assim rico em informações e figuras. Thomas descreve os mitos com precisão e depois faz um apanhado de obras em que as histórias foram mencionadas. Certamente um livro fundamental para aqueles que, como eu, são apaixonados pela mitologia.    

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Do tipo vi-na-prateleira-e-me-apaixonei.


Por Carlos Gabriel F.

Do tipo vi-na-prateleira-e-me-apaixonei: “Como ficar sozinho” de Jonathan Franzen. Peguei entre as mãos e amei logo de abertura a primeira frase que meio em exposição lógica diz: “A dor não nos matará”. Neste paradoxo de entender o mundo político e viver subjetivamente feliz me instigo a procurar, entre livros amarelados ou felizes por acabarem de saírem das fábricas, a verdadeira essência da narração contemporânea: o entender da solitude humana meio à tecnologia unilateral que diversifica o mundo.


O livro de Franzen parece-me um conjunto de ensaios selecionados a partir de obras anteriores. Li na sinopse pequena que, a partir de suas experiências humanas, questionamentos, solidões, ele aborda assuntos como o suicídio, a demência, a invasão panóptica da privacidade. Em pequenos trechos e no pouco que pude ler, o autor faz referências a grandes autores da literatura e da sociedade (lembro-me do nome de Kafka entre as linhas diversas linhas do parágrafo saboreado). Meio a tantas admissões, fragilidades e recusas ao auto-engano, o autor luta para encontrar meio a palavras o verdadeiro sentido da combustão de valores da modernidade – deteriorada ao tecnoconsumismo  –,  para elaborar em um ensaio grandioso o que amedronta grande parcela de uma humanidade. 

“Podemos de vez em quando suportar o fato de que nem sempre somos curtidos, pois existe uma gama infi nita de pessoas que, potencialmente, podem nos curtir. Mas nos expormos por inteiro em nossa individualidade, e não apenas a superfície curtível, e sermos rejeitados, é algo que pode ser insuportavelmente doloroso. Em geral, a perspectiva da dor, da dor da perda, da separação, da morte, é o que torna tão tentadora a ideia de evitar o amor e permanecer em segurança no mundo do curtir.” 

Alice adolescente II.

Por Arthur Franco 

No post anterior falei um pouco sobre Alice no País das Maravilhas, obra de Lewis Caroll escrita no século XIX, e de como a história da menina que cai por um buraco e encontra um mundo de "maravilhas" pode ter uma leitura diferente daquela contida no livro. 

  • Entende-se que a adolescência é um estágio de amadurecimento, tanto físico quanto psicológico e emocional. É um estado em que o jovem muitas vezes se vê confuso e perdido na sua própria identidade. Quando Alice cai na toca do Coelho Branco, de forma repentina e desenfreada, é possível fazer uma alusão desse fato com a entrada inesperada e desenfreada que toda criança sofre ao entrar na adolescência. Não existe um momento exato que a criança sabe que vai entrar nessa fase, além de que não ter como pará-la e não sabe o que vai encontrar no final dela, assim como Alice não sabia o que a esperaria no fundo do poço.  



  • Durante a adolescência, acontece a fase do chamado ‘estirão’, na qual o indivíduo cresce e as mudanças no corpo começam a acontecer. Essa é uma fase típica desse estágio, a qual pode vir acompanhada de mudança de voz nos meninos, crescimento dos seios nas meninas e aparecimento de pêlos pubianos.   A protagonista experiencia o ‘estirão’ várias vezes durante o livro.  A primeira vez que Alice muda de tamanho é logo após que aterrissa na sala das portas. Depois de beber a garrafa que continha a inscrição ‘BEBA-ME’, a garota começa a diminuir de tamanho. “- Que sensação estranha! – exclamou Alice – Parece que estou encolhendo como um telescópio.” . Insatisfeita com o tamanho, ela come o bolo com a inscrição ‘COMA-ME’ e adquire mais de três metros. “– Agora estou espichando como se fosse o maior telescópio do mundo! Adeus, pés (porque, quando olhou para seus pés, eles pareciam tão distantes, que quase se perdiam de vista).” E por várias outras passagens da obra vemos que Alice muda de tamanho.




  • A crise de identidade que os indivíduos sofrem na adolescência está relacionada à entrada em um novo mundo e com a perda de referenciais antes tomados como certo. E é justamente isso que acontece com a protagonista do livro. Alice se vê em outro mundo, totalmente diferente do lugar que ela estava acostumada, e com seus referenciais todos desfeitos. A todo momento, ela tenta se lembra de poemas ou composições que aprendera na escola, que funcionariam como uma espécie de conexão para que ela soubesse que ainda era a mesma menina que caíra pelo buraco. Mas acaba por não conseguir recitar nenhum da maneira correta e passa a se questionar: ‘quem sou eu?’.


Com essa análise é possível perceber que, apesar de Alice no País das Maravilhas ser um livro concebido para crianças, é possível encontrar pontos que denotem a transição da infância para a adolescência. A protagonista, ao descobrir um mundo novo, mudar de tamanho e entrar numa crise de identidade pode estar experienciando a fase da vida em que essa situações geralmente acontecem. Lewis Carroll, se baseando na pequena Alice Liddell, criou um conto para crianças mas que pode servir de metáfora para a transição da infância para a vida adulta.

sábado, 28 de julho de 2012

Alice adolescente I.


Por Arthur Franco

Alice no País das Maravilhas foi concebido inicialmente em 1862 durante um passeio de barco pelo rio Tâmisa. Lewis Carroll e seu amigo Robinson Duckworth haviam levado as irmãs Lorina Charlotte, Edith Mary e Alice Pleasance Liddell, para um passeio e, com intuito de entretê-las, Carroll criou a história de Alice. Dois anos depois, o autor decidiu passar a obra para o papel e dedicá-la a irmã do meio da família Liddell, Alice. Mais tarde resolveu então publicar a obra, aumentando-a e incluindo novos personagens, como o Gato de Cheshire e o Chapeleiro Maluco.


Desde a sua publicação, o livro ganhou notabilidade e conhecimento do público, sendo considerado uma obra clássica da literatura inglesa e da literatura infantil. Pela tamanha notoriedade, o livro já ganhou inúmeras adaptações cinematográficas. Mas certamente a mais marcante e conceitual é o filme “Alice in Wonderland”, de 1951, produzido pela Walt Disney. O longa-metragem traz uma Alice loira, em um vestido azul e combina elementos de outro conto de Carroll, Alice Através do Espelho, considerado a continuação de Alice no País das Maravilhas. 

A história de uma garotinha que cai por um buraco e descobre um mundo totalmente novo (e maluco) pode ser interpretada como uma metáfora da transição da infância para a adolescência. No próximo post falarei um pouco dos argumentos que reforçam essa teoria. 

quinta-feira, 26 de julho de 2012

"Você vai rir, vai chorar e ainda vai querer mais".

Por Carlos Gabriel F.

A frase acima é de um autor renomado e, apesar dos poucos livros, um dos meus favoritos por também saber lidar bem com as palavras: Markus Zusak. O escritor australiano junta suas forças para falar sobre o novo lançamento de John Green, que – preparem os corações para um título surpreendente – é chamado de “A culpa é das estrelas”. A história, simples, é sobre uma menina doente, com os pulmões machucados, nomeada Hazel, que encontra outro menino, também com seu infinito de lágrimas nos olhos, mas simpático e divertido, chamado Augustus Waters. 

“Não sou formada em matemática, mas sei de uma coisa: existe uma quantidade infinita de números entre 0 e 1. Tem o 0,1 e o 0,12 e o 0,112 e uma infinidade de outros. Obviamente, existe um conjunto ainda maior entre o 0 e o 2, ou entre o 0 e o 1 milhão. Alguns infinitos são maiores que outros... Há dias, muitos deles, em que fico zangada com o tamanho do meu conjunto ilimitado. Eu queria mais números do que provavelmente vou ter.”

Em paridade eles tentam se dar forças para tentar combater suas indefesas. Utilizando uma parte da sinopse oficial, bem diria que “juntos os dois vão preencher o pequeno infinito das páginas em branco de suas vidas”. “A culpa é das estrelas” é um livro sentimental sobre sentimentos; um modo sincero de demonstrar que, muitas das vezes, a vida é um devaneio complexo de consequências que não conseguimos controlar; um espectro de possibilidades que, ao final, não poderão ser escolhidas porque o tempo é curto demais. 

“Meu livro favorito era, de longe, “Uma aflição imperial”, mas eu não gostava de falar dele. Às vezes, um livro enche você de um estranho fervor religioso, e você se convence de que esse mundo despedaçado só vai se tornar inteiro de novo a menos que, e até que, todos os seres humanos o leiam. E aí tem livros como “Uma aflição imperial”, do qual você não consegue falar – livros tão especiais e raros e seus que fazer propaganda da sua adoração por eles parece traição.”

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Symphonia #2


Por Carlos Gabriel F.

Para ler é preciso imaginar, desprender-se das correntes realísticas e deixar-se levar pela atmosfera do surrealismo. Ler por simplesmente é viajar através dos cosmos, buscar o inacessível e ver-se caracterizado em datilografias vorazes. E a música me ajuda bastante, permite-me afundar em devaneios ilógicos da literatura. A partir das escolhas corretas, do volume distante e do ambiente ideal é possível transcender ao combinar as duas sensações. Symphonia – músicas simplisinhas que podem agradar a leitura ou qualquer momento do dia; para fazer de trilha sonora as aventuras que você está prestes a encontrar.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

540 arrepios.


Por Arthur Franco

Stephen King não é um nome que passa batido. No gênero terror, tanto na literatura quanto no cinema e em séries televisivas, o autor é um dos nomes mais conhecidos, publicando sucessos como Carrie, a Estranha, O Iluminado e Cemitério Maldito.

O primeiro livro de King que caiu nas minhas mãos foi o que justamente o que mais me aterrorizou. Desespero, com suas 540 páginas, narra a história de um casal viajando pela auto-estrada mais solitária dos EUA, a Rodovia 50. Um gato morto espetado em uma placa na estrada já antecede quão sombria será a viagem. Quando eles chegam a cidade de Desespero, em Nevada, descobrem que várias pessoas foram levadas para lá pelo xerife Collie Entragian, um homem determinado a fazer de tudo para que a sua lei seja cumprida. E é justamente nessa cidade que se dá uma luta entre o bem e o mal, o apocalipse entre Deus e o demônio. Todos aqueles presos na cidade pela mão do xerife vão descobrir o verdadeiro sentido da palavra desespero.


King não é poético. É frio, objetivo e duro com as palavras. As suas descrições são as mais precisas possíveis e seus personagens reais. O terror é verdadeiro através das suas palavras e o medo transcende as páginas do livro. O leitor consegue visualizar as cenas sanguinolentas, o desespero dos personagens, o temor pelo xerife. Apesar de longo, o livro prende pela sua narrativa rápida e pela necessidade de descobrir quem ganhará a derradeira batalha. 

segunda-feira, 16 de julho de 2012

O não-lugar da internet.


Por Carlos Gabriel F.

Com a modernidade, a entrada do virtual e a liquefação dos sólidos, nem tudo mais consta em páginas amareladas e datilografias completas. Alguns autores demonstram suas habilidades em páginas cibernéticas; escrevem suas vidas em pixels de vidas passadas. Esta nova geração de escritores-internautas, que formam uma imenso espectro de cores indefinidas e variadas, trazem à tona uma nova forma de comunicação e de fazer poema; eles tramam com facilidade entre as diferentes bases a fim de expor a sua arte na escrita. A internet não substitui os livros, de fato, mas possibilita a construção de um novo modo de literatura. 

Uns deles se destacam meio a tantos e ficam conhecidos na esfera virtual pública. Outros se escondem no betume, mas brilham de igual forma àqueles que tomaram fama. Segue abaixo, portanto, uma lista de cinco blogueiros (se assim preferir os chamar) que, na imensidão e não-lugar da internet, criam e elaboram textos magníficos, que merecerem ser conhecidos:

Para nos levar além:
Fonte: poeme-se.tumblr.com
Fonte: poeme-se.tumblr.com



sexta-feira, 13 de julho de 2012

Noite dos sacrifícios.

Por Arthur Franco

Na noite de Halloween, a pequena Joyce é encontrada morta. A garota, de apenas 13 anos, morreu afogada enquanto pegava maças com a boca em uma tradicional brincadeira do Dia das Bruxas. Momentos antes de a brincadeira começar, Joyce afirmou que já havia presenciado um assassinato. Mas por ser conhecida por suas mentiras, ninguém acreditou na menina, até que viram o seu corpo. 


A grande amiga de Poirot, Ariadne Oliver, estava presente na festa e pede então a ajuda do detetive para descobrir quem foi o autor desse crime macabro.

Em Note das Bruxas, os personagens não são quem aparentam ser. Todos usam uma máscara de felicidade, enquanto escondem segredos e mentem sobre as suas ações. Mais uma vez o assassino subestima o poder das células cinzentas de Hercule Poirot, que terá de descobrir a verdade antes que outra garota seja morta. 

terça-feira, 10 de julho de 2012

Quais são os dias mais importantes da sua vida?


Por Carlos Gabriel F.

Fábio Moon, em uma determinada entrevista cedida no ano passado para um sítio famoso brasileiro, disse o seguinte: “eu acho que tem coisas que você pode contar, como em uma história em quadrinho, que não dá pra contar da mesma maneira fazendo cinema, que não dá pra contar da mesma maneira só escrevendo prosa”. Há momentos que não se transcrevem em palavras, que, possuídos de tamanho sentimentalismo, não são possíveis de se transcrevem em dígitos transversais. Algumas histórias se encaixam em tamanha perfeição nas imagens que se fazem desnecessárias as palavras translúcidas. 

E é assim que é narrada a história de Brás de Oliva Domingos, mundialmente conhecido por seu pai, grande escritor brasileiro renomado. Brás transcorre seus dias escrevendo obituários. Passa suas noites febris pensando nos “se” da vida e como será seu futuro longínquo. Fábio Moon e Gabriel Bá transcendem o Brasil exótico, clichê, que é vinculado no exterior, para criar o mundo de “Daytripper” – uma história de sentimentos universais, de crônicas que perpassam a vida humana em uma unicidade absoluta. 

Brás questiona se sua vida começa no momento do primeiro beijo ou nas primeiras palavras que conseguir narrar sua história; no momento de sua morte ou quando conhece a garota dos seus sonhos. Cada dia de sua vida é como uma página de um livro por outrem contada. “Daytripper” é uma história de revolução sentimental; de busca incessante por uma vida que valha sentido nas palavras imagéticas dos contos.    



sexta-feira, 6 de julho de 2012

Cicatriz não curada.


Por Carlos Gabriel F.

Alguns livros me causam uma dor tão tremenda, uma inquietação na alma por tamanha desavença, que me causam choro ao rememorar o que foi lido, datilografado e não mudado. O primeiro livro ficcional de Paulo Henriques Britto – que conheci em etapas vestibulares e que não, não tem nada a ver com a película recentemente produzida por Marcos Prado –, “Paraísos Artificiais”, encaixa-se perfeitamente nesta condição característica de cicatriz não curada.


“Você esta sentado numa cadeira. Você está sentado nesta cadeira já faz bastante tempo. Você fica sentado nesta cadeira durante muito tempo, diariamente. Você não conseguiria ficar parado em pé por tanto tempo; logo você ficaria cansado, com dor nas pernas. Também não conseguiria permanecer tanto tempo assim deitado na cama, de cara para o teto; (...) basta sentar-se na cadeira, pegar um lápis e uma folha de papel, e começar a escrever”.

O autor, com suas palavras duras e de concisão, traça uma linha de retrospecto tão subjetivo em seu âmago que, por vezes, faz-se de difícil entendimento perante um leitor de inocência em êxtase. O livro é dividido em nove contos, que são: “Os paraísos artificiais”, “Uma doença”, “Uma visita”, “Um criminoso”, “O companheiro de quarto, “Coisa de família”, “O 921”, “O primo” e “Os sonetos negros” – que narram histórias diversas: desde um observador insone que observa o movimento de sua rua; ou um encontro familiar que se faz como um ritual de humilhação; ou um diário que narra a descoberta de um enigma.

O universo de Paulo é flexível, mas com situações extremas e (des)encontros estranhos, em que o protagonista vê-se diante si mesmo e em conflito com a imagem que vê em reflexo. A dor de seu tema se faz presente em finais inviáveis; em contos tão grandiosos que o desfecho paradisíaco em firmeza é impossível de ser dado intelectualmente. 

“Depois saio do quarto, fecho a porta cuidadosamente, vou até a sala, abro a janela, respiro fundo. Uma frase besta aparece a toda hora na minha cabeça: amanhã é outro dia. Claro que amanhã é outro dia, porra”.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Agatha Christie's

Por Arthur Franco

Com mais de 80 livros publicados, Agatha Christie não fez sucesso apenas com livros. A autora teve suas obras adaptadas para peças teatrais, filmes e série de televisão e, mesmo com a sua morte em 1976, adaptações (de sucesso, diga-se de passagem) foram produzidas. Trago aqui duas séries televisivas britânicas do canal ITV, Agatha Christie's Poirot e Agatha Christie's Marple, que trazem para a TV os personagens mais famosos de Christie.


Agatha Christie's Poirot teve a sua estréia em 1989 e atualmente está em sua décima segunda temporada. No papel de Poirot temos David Suchet, que interpreta com maestria o pequeno detetive. A maioria das histórias em que Poirot aparece foi adaptada, tanto os contos quanto os livros. Sucessos de Agatha Christie como Morte no Expresso do Oriente e O Assassinato de Roger Ackroyd estão presentes na série e a décima terceira temporada será a última, trazendo livros como Os Elefantes Não Esquecem e o último caso de Poirot, Cai O Pano.



Agatha Christie's Marple estreou em 2004 e já levou para a televisão 20 episódios estrelados por Miss Marple.  Entre essas 20 adaptações encontramos clássicos como Um Convite para um Homicídio e A Testemunha Ocular do Crime, mas também temos livros e contos em que Miss Marple nunca apareceu. Livros como Hora Zero, Matar é Fácil e O Cavalo Amarelo ganharam versões televisivas, mas nunca tiveram Miss Marple como protagonista nas versões impressas. Além disso, outras modificações foram feitas, como mudanças na identidade de assassinos e nas relações entre os personagens.  

domingo, 1 de julho de 2012

Cortando livros.


Por Carlos Gabriel F.

Sempre me coloquei a pensar se teria capacidade autônoma de transformar meus livros em obras de arte. Se teria por simples indulgência o vislumbre artístico de metaforizar as páginas em algo diferente. Os sites presentes na rede são variados e ensinam diversas técnicas para fazer do livro não apenas um livro. Uma amiga me enviou uma vez um cofre meio a páginas de um livro. Era simples: cortava-se as páginas e fazia dali um nicho enigmático. Ela dizia “compre um baratinho e faça!”. Um livro baratinho não tem o seu também valor literário? 

E foi daí que conheci a arte de Thomas Allen. O cara reutiliza capas oitentistas para fazer algo como um grande pop-up para adultos. Com seus cortes mágicos ele transforma uma simples brochura em uma grande armadura artística de enorme reconhecimento. Porque penso assim: só não de livros vive a literatura, pois qualquer arte é válida – qualquer pessoa que transforme a literatura em imagem de admiração merece o verdadeiro valor.

Thomas, vem cá, eu deixaria você recortar algum livro meu. 




Conheça mais do seu trabalho no site oficial.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Uma Madame a frente do seu tempo.


Por Arthur Franco

Quando Gustave Flaubert publicou Madame Bovary em 1857, a obra foi considerada escandalosa. Ao retratar a vida de uma mulher burguesa que se casa e logo vê a sua vida apática e sempre no marasmo, o autor incitou graves críticas à sociedade da época.

A Madame do título é Emma, uma mulher sonhadora, que gosta de livros de romance e acredita que se apaixonar é uma grande aventura. Através da literatura a moça conheceu outros mundos, outras realidades, amou, odiou, sentiu intensamente. E assim esperava que fosse a sua vida. Encontra um marido em Charles Bovary, um médico de província que a ama mais do que tudo e faz todas as suas vontades. Entretanto, o amor de Charles é proporcional ao tédio que causa na mulher. Emma sente-se entediada ao extremo com o marido, com a casa, com a sua vida. Nem mesmo o nascimento de sua filha lhe desperta emoções. Afundada na agonia e no desejo de aventura, ela parte então para o adultério, onde encontra satisfação momentânea. Mas Emma nunca está plenamente satisfeita com o que tem.

Madame Bovary é considerado um clássico da literatura, tanto pela sua linguagem quanto pela inovação do enredo. Ao tratar de temas como adultério e suicídio, além de tecer severas críticas a burguesia e aos seus costumes, Gustave Flaubert chocou o mundo, mas ao mesmo mostrou que o pensamento antigo, da mulher quieta, submissa e sem grandes aspirações, já era passado.  

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Adornos novos de celulose.

Por Carlos Gabriel F
Para atualizar a estante!

Uma nova brochura de Jennifer Egan chega ao mercado brasileiro. A escritora, conhecida pelo seu intraduzível “A Visit From the Goon Squad” (de título “A visita cruel do tempo” em editora nacional), contempla-nos com “O Torreão”. A história, que se passa na Europa Ocidental, levar-nos-á através de um enigmático castelo que sobrevive por centena de anos meio a uma única família. Tudo muda a partir da chegada de Danny, um geek que não se desconecta da esfera virtual. O contexto de surreal e assustador usual da autora se dá por iniciado quando trágicos acidentes aparecem – fazendo de nós, leitores, meros desacreditados da realidade a nós pactuante. 

Editora: Intrínseca
Páginas: 240
Tradução: Rubens Figueiredo



E se o multiverso fosse possível? E se, olhe bem, todas as teorias da física moderna clamassem por nossa realidade? A teoria das cordas, eletrodinâmica quântica, teoria da informação – todas elas, coexistindo e possibilitando a ideia de universos paralelos – fossem a explicação para os enigmas cosmológicos? Em “A Realidade Oculta”, Brian Greene – um dos maiores estudiosos da área cosmológica e física das partículas – vem a relatar os seus estudos acerca da fantástica infinitude do universo. O novo livro de Greene promete ser acessível e de fácil compreensão para aqueles que, desde cedo, anseiam pela compreensão misteriosa dos cosmos. 

Editora: Companhia das Letras
Páginas: 456
Tradução: José Viegas Jr.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Hey, Lolita, hey!


Por Carlos Gabriel F.


Lolita Pille, na beira dos seus trinta anos, talvez seja uma das escritoras francesas mais lúcidas desses tempos de desassossego contemporâneo. A autora causou um alvoroço na esfera literária com seu primeiro livro, “Hell – Paris 75016” (2003) – como se uma Darren Aronofsky na escrita, Lolita critica a liquidez dos laços joviais: com suas drogas subjetivas. Na eterna capital das luzes, com detalhes arquiteturais tão românticos, a autora nos leva através da vida de parisienses ricos submersos em sintéticos, grifes e festas noturnas. A sinceridade cotidiana de Lolita é marcante; edificando em páginas em branco o seu alter-ego a ser imponentemente exuberado. 

Não diga que a felicidade é efêmera. A felicidade não é efêmera. O sentimento que se sente e é tomado como felicidade quando se está apaixonado, quando se teve sucesso em alguma coisa, é uma liberdade condicional antes de conhecer a pena: o ser amado não se parece com nada, o que você conseguiu não serve pra nada. Isso não a faz infeliz, mas consciente. A felicidade não acaba, ela se retifica.

Com a sua fama veio os dois livros adjacentes, “Bubble Gum” (2004) e “Crépuscule Ville” (2008). Fazendo várias referências a clássicos da literatura, como o pacto faustiniano de Goethe, Lolita traz a tona a vontade complexa de se tornar importante e ídolo de tantos — como se a vida fosse um filme, seus personagens tramam uma história preenchida de contra-regras e vidas separadas, em uma angústia marcante e subjetivamente ultrajante. Seguimos com suas referências apocalípticas totalitárias e tentando entender em pensamentos o verdadeiro significado de “humanidade”. 

Nós inventamos a luz para negar a escuridão. Colocamos as estrelas no céu, plantamos postes a cada dois metros nas ruas. E lâmpadas dentro de nossas casas. Apague as estrelas e contemple o céu. O que você vê? Nada. Você está diante do infinito que seu espírito limitado é incapaz de conceber, de forma que você nada mais enxerga. E isso o angustia. É angustiante estar diante do infinito. Fique calmo; os seus olhos sempre encontrarão as estrelas obstruindo a trajetória deles e não irão mais longe. De forma que o vazio dissimulado por elas será ignorado por você. Apague a luz e arregale os olhos ao máximo. Você nada verá. Apenas a escuridão, a qual é mais percebida do que vista por você. A escuridão não está fora de você, ela está em você.

sábado, 23 de junho de 2012

O Leão, a Feiticeira e a Bíblia.

Por Arthur Franco

Depois de falar de O Sobrinho do Mago, venho falar da próxima crônica na ordem de leitura e da primeira a ser publicada por C. S. Lewis. O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa foi escrito na década de 40 e é certamente o livro mais conhecido das Crônicas de Nárnia, principalmente pela adaptação cinematográfica da Disney em 2010.


Essa crônica narra a história dos quatro irmãos que, para fugir dos bombardeios a Londres, vão morar no campo, na casa do Professor Kirke. Lá PedroSusanaEdmundo e Lúcia descobrem um guarda-roupa mágico que os transporta para Nárnia, uma terra mágica com animais falantes e criaturas mitológicas, mas dominada pela Feiticeira Branca. A feiticeira usurpou o trono e congelou Nárnia por 100 anos. Cabe então aos irmãos encontrar Aslam, o leão todo-poderoso criador de Nárnia e o único que pode acabar com o inverno. 

As Crônicas de Nárnia são permeadas de elementos cristãos. C. S. Lewis era muito religioso e incutiu nos seus livros histórias e passagens que refletissem certos trechos da Bíblia. Nessa crônica encontramos alusões a traição de Judas Iscariotes, ao Apóstolo Pedro, questões sobre a ressurreição de Jesus, perdão e ao próprio Cristo, representado por Aslam. As referências cristãs são distribuídas ao longo do enredo, sendo bem inseridas por diálogos e passagens da obra.


quarta-feira, 20 de junho de 2012

Les Aventures de Tintin.


Por Arthur Franco

As Aventuras do Tintim é uma série de histórias em quadrinhos criada por Georges Remi, mais conhecido como Hergé. São ao todo 24 volumes, sendo o último, Tintim e a Alfa-Arte, inacabado devido à morte de Hergé. Entretanto, o álbum foi editado em 2008 e traz os croquis originais do autor para o que seria a última aventura de Tintim.

Hergé já se inspirava em histórias de intrigas internacionais antes de criar Tintim. Durante a Primeira Guerra Mundial, o autor rascunhava desenhos de um personagem que pregava peças em soldados alemães. Mas foi somente no Le Petit Vingtième, um suplemento para crianças do jornal em que Hergé trabalhava, o Le Vingtième Siècle, é que Tintim foi publicado.


Tintim é apresentado como um jornalista belga que viaja ao redor do mundo fazendo investigações. O seu companheiro é o cão fox terrier Milu, que vive em confusões, mas sempre salva o seu dono de enrascadas. Outros personagens são inseridos ao longo da série, como o Capitão Haddock, um marinheiro sarcástico e trapalhão; Dupond e Dupont, uma dupla de detetives gêmeos desajeitados; Trifólio Girassol, um cientista quase surdo que faz confusões com o que os outros lhe dizem; e Bianca Castafiore, uma cantora de ópera que sempre aparece quando os personagens principais menos esperam.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Hergé foi amplamente criticado por publicar As Aventuras de Tintim em um jornal controlado pelos nazistas (uma vez que o jornal em que as histórias eram anteriormente publicadas foi fechado por Hitler). As tramas escritas nessa época são politicamente neutras, como vemos em O Segredo do Unicórnio e O Tesouro de Rackham o Terrível.

A fama de Tintim não se deu apenas aos quadrinhos. Desde a sua criação, o personagem já foi tema de diversos produtos, entre eles camisas, jogos de tabuleiro e video games, baralhos, selos, entre outros. Duas séries televisivas já foram feitas: Les aventures de Tintin, d'après Hergé, de 1961; e As Aventuras de Tintim, de 1991, versão que fez muito sucesso e consagrou o personagem em animação. Cinco filmes já foram produzidos: Tintim e o Mistério do Tosão de Ouro, de 1961; Tintim e as Laranjas Azuis, de 1964; Tintim e os Prisioneiros do Sol, de 1969; Tintim e o Lago dos Tubarões, de 1972; e As Aventuras de Tintim: O Segredo do Licorne, de 2011.


segunda-feira, 18 de junho de 2012

Symphonia #1

Por Carlos Gabriel F.

Para ler é preciso imaginar, desprender-se das correntes realísticas e deixar-se levar pela atmosfera do surrealismo. Ler por simplesmente é viajar através dos cosmos, buscar o inacessível e ver-se caracterizado em datilografias vorazes. E a música me ajuda bastante, permite-me afundar em devaneios ilógicos da literatura. A partir das escolhas corretas, do volume distante e do ambiente ideal é possível transcender ao combinar as duas sensações. É por isso que inauguramos hoje a nova seção do blog: Symphonia – músicas simplisinhas que podem agradar a leitura ou qualquer momento do dia; para fazer de trilha sonora as aventuras que você está prestes a encontrar.

sábado, 16 de junho de 2012

Elementar, meu caro espectador.

Por Arthur Franco

Alguns dos melhores livros que já li vêm da Inglaterra. O ambiente britânico, a culinária, a psicologia dos personagens, tudo parece culminar numa literatura exima, mágica e altamente cativante. E aparentemente os seriados oriundos desse país seguem o mesmo critério de produção.

Desde 2010 passei a acompanhar uma série inglesa que traz como personagem principal o detetive britânico mais famoso do mundo literário (dividindo esse posto talvez com Hercule Poirot): Sherlock Holmes.

Criação do célebre Sir Arthur Conan Doyle, Sherlock Holmes, teve a sua estréia no livro Um Estudo em Vermelho, publicado no fim do século XIX. O detetive ficou famoso pelo seu método dedutivo e lógico e pela resolução dos casos mais impossíveis, sendo protagonista de quatro romances e de mais de 50 contos. Sua fama é indiscutivelmente proporcional a sua inteligência e o personagem já foi objeto de diversos filmes. Mesmo pouco tempo depois da sua criação, o detetive já possuía uma legião de fãs. Prova disso foi a quantidade de cartas que Conan Doyle recebeu quando decidiu matar Sherlock em um dos contos.  

A série supracitada recebeu o nome de Sherlock e estreou na metade de 2010. Com Benedict Cumberbatch como Sherlock e Martin Freeman como Dr. Watson, a produção retrata o detetive nos dias atuais, mas ainda vivendo em Londres e solucionando casos improváveis com a sua brilhante mente. Com apenas duas temporadas, que juntas somam seis episódios (de uma hora e meia cada), a série se baseia essencialmente nos escritos de Conan Doyle. Dois dos romances protagonizados pro Sherlock já ganharam episódios: Um Estudo em Vermelho e O Cão dos Baskervilles.


Com uma produção excelente e a interpretação de um Sherlock meticuloso e adequado, a série consegue tanto evocar o clima de mistério e inexplicável presente nas brochuras quanto a arrogante personalidade de Sherlock. Um prato cheio para quem gosta do detetive.

Curiosidade: a frase “Elementar, meu caro Watson”, nunca foi proferida por Sherlock Holmes em nenhum dos romances nem dos contos. A sentença aparece um filme de 1929 intitulado O Retorno de Sherlock Holmes e depois disso caiu no vocábulo popular. 

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Eros: o deus do amor.


Por Carlos Gabriel F.

Em época de modernidade líquida, onde tudo se esvai em incoerência e falta de permanência, o mais importante, talvez, seja entender os sentimentos, suas origens filosóficas e o que se transmite no âmago humano – as suas conexões e por que mágoas se tornam lúcidas em tão rápidos momentos. Auto-ajudas não me agradam: suas formas editoriais de me sucumbirem à felicidade alheia não me condiz, de me ditarem passos a seguir adiante para evitar o sofrimento hodierno não me afaga. Na necessidade de escolha e no vislumbre necessário de entender, voltei-me ao passado: não para tomar um anacronismo, mas porque acredito que na Grécia Antiga se encontra tantas repostas para as vivências diárias contemporâneas.

Acabei-me por ver em mãos com um livro barato, com o título “O Banquete”, de Platão. Tão falado e respeitado Platão. O livro de bolso com poucas noventa e seis páginas trama um diálogo entre o autor e outros sete interlocutores – que são: Fedro, Pausânias, Erixímaco, Aristófanes, Agaton, Sócrates e Alcibíades –, em uma discussão acerca de Eros – “Seria Eros o deus mais novo ou mais velho? Traz ele em si a dualidade do nobre ou do vulgar? Ou seria elemento de equilíbrio? Temos metades a que buscamos incessantemente? E a função social do amor? Se há, qual seria?”.

“O Banquete” é uma sincera conversa entre consciência e caminhos trilhados durante uma vida. As metáforas gregas, os entendimentos do deus Eros, contribuem não apenas para a formação romântica de uma pessoa, mas também o amadurecimento de uma ideia: é um tributo literário a fim de distinguir os diferentes sentimentos e suas verdadeiras essências. A filosofia distribuída me dá calafrios, faz-me chegar à um patamar de conhecimento que alguns livros, com suas ideologias marcante, não me permitiriam apreciar. 

Quando lhes acontece encontrar sua outra metade, sentem-se de tal maneira ligados pelas afinidades de simpatia e do amor, porque não é a lascívia que os leva assim comprazer-se na vida em comum. É evidente que suas almas aspiram a alguma outra coisa que não se pode traduzir em palavras, mas que se adivinha e dá a entender.”

terça-feira, 12 de junho de 2012

O mago da literatura.

Por Arthur Franco

Ás vezes, na nossa trajetória literária, nos deparamos com um gênio, capaz que criar na nossa mente a melhor fantasia, aquela na qual ainda vivemos um pouco depois de fechar o livro.

Na minha passagem pela literatura já me deparei com vários gênios, mas C. S. Lewis foi um dos que mais me fez crer no seu mundo de ficção.

Em 7 crônicas, Lewis fez um mundo, o seu mundo de fantasia, mas que cria uma pequena Nárnia no coração de cada um que lê a sua obra.  As crônicas foram 7, mas as horas de entretenimento e felicidade com a mitologia de Nárnia foram muitas.

A minha crônica preferida não é nenhuma daquelas que ganhou a adaptação da Disney. O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, Príncipe Caspian  e A Viagem do Peregrino da Alvorada foram muito bem adaptadas para o cinema e constituem crônica incríveis, mas a minha predileta continua sendo O Sobrinho do Mago.


A sexta crônica escrita pro Lewis (sucedida apenas por A Última Batalha) é a primeira na ordem de leitura.  Aqui encontramos a criação de Nárnia por Aslam, que através da sua voz cria tudo e todos no país fictício. Temos Digory Kirke e Polly Plummer, dois amigos que acidentalmente vão parar em Nárnia e libertam a Feiticeira Branca. Também descobrimos a origem do guarda-roupas utilizado pelos irmãos Pevensie para chegar a Nárnia em O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa.  O mais curioso dessa crônica talvez seja descobrir como surgiu o lampião do Ermo do Lampião.

C. S. Lewis criou uma mitologia imensa, com personagens cativantes e dignos de nossa admiração e fidelidade. Foi certamente um mago na escrita, capaz de nos transportar para um universo paralelo através das palavras.

domingo, 10 de junho de 2012

Reunindo amores.

Por Carlos Gabriel F.

Depois dos livros, provavelmente meu segundo romance seja a sétima arte. Sentar em uma cadeira de cinema vazio, esperar pelo começo das cenas, para então cair em uma felicidade imagética tão sobrenatural. Gosto de como alguns diretores conseguem colocar em sua essência verborrágica aquilo que transcende em mim: características que eu imaginava existentes apenas no meu âmago, ali, representadas, na tela que alguma hora se  dá por finalizada.

E quando estes dois pares românticos se unem, o filme e o o livro, fico em êxtase.


É isso que David Gilmour faz em “O Clube do Filme”. A história, verdadeira, perpassa seus tempos difíceis sem um emprego fixo e com problemas de educar o filho de quinze anos, que parece cada vez mais diante a falência — o garoto não gosta de ir a escola e tem reprovado em todas as matérias. É aí que surge a aposta de um pai aflito que necessita ver o filho em outro caminho. O acordo é concretizado quando o  garoto não necessitaria mais ir a escola se assistisse, durante a semana, três filmes.

A diferente aposta resulta no livro de David. A brochura nada mais é do que a narração do crescimento de enlaço entre pai e filho; da necessidade de encontrar outros meios para educar àqueles que porventura mais amamos. Namorei “O Clube do Filme” em diversas vezes, mas só tive oportunidade de lê-lo recentemente e fiquei encantado com a artimanha do autor de conseguir descrever criticamente o melhor (e o pior) do cinema mundial: desde “Amor à queima roupa” até “Bonequinha de luxo”, “O nome do jogo” e “O iluminado”.

O entremeio de David, a tentativa de se dar bem diante a sua prole, é construída de forma marcante, ressalvando com sinceridade como é difícil crescer, adquirir responsabilidades; como películas podem tramar um importante papel na vida nostálgica do ser humano e como ver o filho crescer é se despedir diariamente de fases que ficam presas no passado.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Revenge.


Por Arthur Franco

Uma mulher vai para a prisão após ser enganada por um homem  e depois de muitos anos se vinga. Pode parecer o enredo de uma série ou de uma novela, mas é mesmo um livro de Sidney Sheldon.

A obra em questão hoje é Se Houver Amanhã, de 1986. A narrativa traz Tracy Whitney, mulher que parecia ter tudo na vida: um noivo rico, carinhoso e de boa posição social; um ótimo emprego e um filho a caminho. Mas sua sorte muda quando sua mãe, enganada por um golpista da máfia, comete suicídio. Tracy, querendo vingar a morte da mãe, se vê em uma cilada criada pelo mafioso Anthony Orsatti e acaba indo para a cadeia. Seu noivo a abandona, com medo de que seu nome fique sujo.


A prisão é um lugar violento e só inflama em Tracy o desejo de vingança. Após ser violentada e perder o filho, ela faz de tudo para sair do inferno que é a Penitenciária Meridional de Lousiana para Mulheres. Após conseguir que sua pena seja reduzida, ela vai em busca da tão desejada vingança contra aqueles que a colocaram na cadeia. O final do livro contém uma reviravolta, uma diferenciação na vida de Tracy que traz um fechamento não esperado pelo leitor. 

Como em outros livros de Sheldon, temos a presença constante de mulheres e uma grande decepção/tragédia. Esse é sempre o elemento chave para transformação das protagonistas em verdadeiras guerreiras que clamam pela vida que desejam. Um livro ligeiro, fácil de ler e que a cada virar de página desejamos saber o que vem a seguir. 

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Definição de "ansiedade".


Por Carlos  Gabriel F.

Esperamos tanto por uma nova publicação de nosso autor preferido que nossas pernas se tornam líquidas quando a esperança pela nova leitura se torna lúcida. Festejamos de pés doloridos pela nova degustação (que seja rápida e dure o tempo suficiente para se tornar inesquecível!) literária a ser feita. Almejamos com a alma pelo desconhecido que salivamos por tanto tempo pelo inesperado. O novo livro de Carlos Ruiz Zafón chegou recentemente ao Brasil e mal posso esperar para visualizá-lo em contato com minha epiderme.


O Prisioneiro do Céu” traz ao lume os protagonistas do primeiro da série, “A Sombra do Vento” (2001) – com o patamar de treze milhões de exemplares vendidos –, Daniel Sempere e seu fiel amigo Fermín. A história, que tem sua gênese um ano após o casamento de Daniel e Bea, começa quando um desconhecido adentra na livraria da família e anseia por adquirir a brochura mais cara do local: “O conde Montecristo”, mantido trancada sob uma cúpula de vidro. 

O mistério sui generis de Zafón começa quando o homem deixa uma dedicatória nas páginas do livro à Fermín, “Para Fermín Romero de Torres, que retornou de entre os mortos e tem a chave do futuro”. Dá-se, então, um ponto de partida que promete convergir os mundos de “O Jogo do Anjo” (2008) e “A Sombra do Vento”. Daniel e Fermín lutarão contra a revelação de um segredo que é mantido na cidade há mais de duas décadas, no coração da cidade. A história vaga desesperada em sentido àquilo que os personagens mais temem: as sombras que crescem dentro de si próprios.

O modo único de Zafón aparece mais uma vez aqui com a promessa de unicidade emocional. Comprei o livro em uma loja on-line ainda esta semana e espero na ansiedade de cativação – que já se tornara absoluta em minha dignidade de motivação. A história já me parece tão formulada que a valorização com cinco estrelas é quase que certeira. Que seja assim feita nossa vontade.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Por favor, leia.


Por Arthur Franco

- Paulo Coelho? Só sabe escrever auto-ajuda. E nem sabe escrever direito.
- Mas você já leu algum livro dele?
-Bem, não...

Essa é uma situação que qualquer leitor já deve estar habituado. Quantas vezes você já ouviu alguém falar que um livro/autor é ruim sem ao menos ter lido a primeira palavra?

Uso aqui o exemplo de Paulo Coelho, entre milhares de outros, porque o autor parece ser preferência nacional de crítica, principalmente pela parte daqueles que nunca leram nenhuma página dos seus livros.

Chegamos a um ponto que Machado de Assis é chato demais, Stephenie Meyer não sabe escrever, Dan Brown é mentiroso, Dostoievski escreve muito complicado.  Nunca tivemos tanto acesso à literatura, seja ela online ou física, e nunca criticamos e comentamos tanto. Ótimo, quanto mais lemos, melhor; e quanto maior e ampla a discussão das obras literárias, melhores pessoas nos tornamos.  O problema é quando pessoas trazem comentários falsos sobre livros, opiniões roubadas de outros leitores, tiradas do facebook ou de um review no jornal.

Antes de compartilhar uma opinião alheia sobre uma obra, tente lê-la. Se não o fizer, tente ao menos folheá-la, ler alguns trechos. Cada pessoa, inserida no seu universo simbólico, com as suas regras e preferências, lê cada livro de um jeito. A mesma pessoa que acha Eça de Queirós irritante pode achar Mário de Andrade o melhor escritor do mundo. E você, que não gosta de best-sellers, pode achar George R. R. Martin fascinante. 

sábado, 2 de junho de 2012

Devaneio medieval.

Por Carlos Gabriel F.

Gosto do medievo, daquilo que me transporta para a idade das trevas e me faz protagonista de ideias que não por mim foram concebidas. Gosto da medievalidade e de como seus costumes culturais eram de absoluta diferença desta contemporaneidade na qual sobrevivemos. Admiro aquelas construções de pedras acinzentadas com bandeiras na haste decorativa, arquitetura aconchegante, e janelas para o oceano que vaga pelo infinito. De todas narrações, prefiro a dos reis e rainhas, das guerras de elmo prateado e um guerreiro em despedida de sua querida amada. Gosto tanto das tragédias e das mulheres que lutavam pelo feminismo mesmo em tempos difíceis de escolhas. E ninguém melhor para nos conduzir através destas tramas do que Ken Follett e algumas de suas publicações expansivas. "Os Pilares da Terra" e "Mundo Sem Fim" me levaram através de suas histórias belas e me fizeram de experimento no campo medieval: vi-me apaixonado pela primeira vez pelo processo histórico - que muitas das vezes é deixado no limbo por outros autores. 


Nos seus condados, os pequenos personagens ganham grandes histórias e edificam-se ao transcendentalismo por meio de suas operações. Caris, Gwenda, Martin e Ralph de seus universos ociosos sem fim, de status sociais tão divergentes, veem-se em igualdade quando observam o inesperado. Viver neste mundo medieval com os personagens faz de nós, leitores devoradores frios, verdadeiros observadores natos de como é possível uma mudança radical - de perseverança na vã possibilidade de que o futuro seja diferente. Gosto do medievo, das semelhanças e possibilidades em trazer para o cotidiano aquilo que é narrado de eras passadas: somos o pretérito, o longínquo, a liberdade de escolha, a literatura plena e fugaz. Ken Follett, meu favorito, sabe fazer desse contexto algo de adoro atual e é ele a minha dica de devaneio para a próxima leitura a ser realizada, a ser conquistada e lida com o coração na mão e cabeça nas nuvens pela percepção de um sonho histórico já passado. (Ou até mesmo para presentear no dia dos namorados!)