terça-feira, 13 de março de 2012

Capitão Carter.


Por Carlos Gabriel F.

Comprei “Uma Princesa de Marte” (1917) porque retratavam no rótulo as seguintes palavras de James Cameron: “Em Avatar, pensei em um roteiro de filme de aventura, algo nos moldes de Edgar Rice Burroughs, como John Carter de Marte”. Havia assistido o filme recentemente e tomado como bom aquela aventura na terceira dimensão cinematográfica, que bem dizem foi uma revolução. Mal esperava eu que a brochura se tornaria película em breve.


Estreou semana passada em terras brasileiras o longa-metragem nomeado como “John Carter”, dirigido por Andrew Stanton (também responsável por “Toy Store” e “Procurando Nemo”), tendo como distribuidora a grande Walt Disney Studios e baseado na série “Barsoom” de Edgar Rice Burroughs (1875 – 1950), que tem em sua coleção onze livros. 

Ainda não assisti ao filme, confesso, para que fosse possível comparar as entrelinhas e entristecer-me com as modificações atribuídas ao longo da trama. Contando ao livro, é de impressionante a forma de sua narrativa. Começamos com uma carta do próprio Edgar, relatando minuciosamente a maneira como aquele manuscrito havia ido parar em suas mãos. Nela fala-se sobre nosso protagonista, John Carter, sua vida na Guerra Civil, características marcantes e falecimento. 

Logo após o primeiro capítulo, começamos a navegar pela escrita do Capitão Carter. Através das primeiras linhas percebemos a sua anormalidade em quesitos da condição humana. “É possível que eu tenha cem anos, talvez mais, mas não posso calcular porque nunca envelheci como os outros, ou sequer lembro de minha infância. Por mais que tente me lembrar, sempre fui um homem, um homem de uns trinta anos”. Daí, então, partimos adiante com a sua fuga de índios nas colinas do Arizona. Ao se refugiar em uma caverna, Carter não esperava uma viagem através dos cosmos. Tomado por uma energia indeterminada, o Capitão adormece, aos poucos, a fim de acordar, depois de horas, em terras estranhas.

A sua fuga mundana é a primeira das suas aventuras subsequentes. Estamos, por fim, em Barsoom – ou Marte, chame como bem quiser. São nesta terra de cultura tão diferente que Carter vem a tramar romances, batalhas sangrentas. Conhecemos por meio da escrita simplista o corajoso guerreiro chefe Tars Tarkas, a compassiva Sola e a princesa de áreas rivas Dejah Thoris. Encontramos em Carter, mesmo em terras tão distantes, aquilo que tanto prezamos: a nobreza, a coragem e lealdade daqueles que algum dia defenderam seus territórios.

A leitura de “Uma Princesa de Marte” é quase que obrigatória para aqueles que adoram ficção científica (tanto é que o livro já apareceu por aqui na primeira lista de “Livros aleatórios de ficção-científico-fantasiosa que merecem ser lidos”), em vista que o personagem criado no século passado por Edgar Rice ainda revoluciona, mesmo quase cem anos depois, a literatura.

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