domingo, 22 de janeiro de 2012

Livros aleatórios de ficção-científico-fantasiosa que merecem ser lidos - Parte I.


Por Carlos Gabriel F.

Antes de elaborar uma lista é necessário enfatizar que os itens abaixo descritos e devidamente mencionados estão sendo analisados por fatores subjetivos. Quero dizer: não foram registrados em cartório como os melhores já escritos ou que mereçam presença divina em suas respectivas estantes. Posso dizer que são livros absolutamente aleatórios, que li em um período de tempo e que creio merecer destaque aqui, neste espaço virtual que estamos criando paulatinamente.

O gênero que me chegou primeiramente à mente e que dá característica à lista é a ficção/fantasia, daqueles que narram estórias que existem apenas nas páginas amareladas e distanciam-se do plano real (quem sabe?); daquelas que criam seres novos e relacionamentos surpreendentes; que em cenários de horror traçam cenas de suspense capazes de dar vertigens; que dão vida àquilo que algum dia cientificamente possa vir a existir.

Já que estes aspectos foram mensurados, que comecemos:

O queridinho de outra queridinha, Anne Rice, “Entrevista com o Vampiro” (1976) é o primeiro de uma longa série, “Crônicas Vampirescas” e, vale ressaltar, incrivelmente escrito em apenas uma semana. A estória perpassa a vida de Louis de Pointe du Lac enquanto ainda mero mortal e sua finalização como vampiro. O livro traça uma bela discussão sobre mortalidade num cenário europeu, que conduz o leitor a questões filosóficas e dignas de serem refletidas: afinal a imortalidade é tudo que pensamos desejar? Um longa-metragem baseado no brochurado foi produzido em 1994 e conta em seu elenco com Tom Cruise. Ainda vale mencionar que a tradução brasileira foi realizada pela famigerada e amada Clarice Lispector.

“O mal é sempre possível. E a bondade é eternamente difícil.”





Rick Riordan, quem diria, me conquistara de forma sábia e infanto-juvenil. “O Ladrão de Raios” (2005) conta a estória de Percy Jackson – disléxico e com déficit de atenção –, Annabeth e Grover Underwood. O livro, primeiro de uma série cinco, traz em suas páginas um aglomerado de informações sobre mitologia grega – a qual, confesso, sou fã – com personagens marcantes e característicos. Os livros de Riordan são a personificação das batalhas antigas, já contadas, escritas e transmitidas ao logo dos séculos, mas com o diferencial de se passarem em pleno século XXI, onde semi-deuses – primogênitos de deuses com meros mortais – enfrentam dificuldades, sendo a primeira delas estudar no Acampamento Meio-Sangue, e encaram aventuras no submundo. O livro também fora adaptado para as películas em 2010, que, apesar de entristecer ao se desviar do enredo original, ainda merece ser visto por seus efeitos visuais. 

“Você deve ir para o oeste e enfrentar o deus que se tornou desleal (...)” 


Conheça por meio do eu-lírico de Daniel Handler, Lemony Snicket, os irmãos Baudelaire: Violet, Klaus e Sunny, órfãos e circundados por uma trama densa e gótica suburbana. O que mais me apaixona no livro primeiro, “Mau Começo” (1999), da então série de treze livros, “Desventuras em Série”, é o cenário de quase unicidade, característico e autêntico elaborado pelo autor, numa mistura surreal entre objetos anacrônicos e arquiteturas do início do século passado. Ao início do livro somos recomendados de abandoná-lo caso não estejamos adaptados a finais felizes. “Mau Começo” trata sobre morte e necessidade de sobrevivência perante os empecilhos da vida, numa forma bonita e pitoresca de demonstrar a união entre laços fraternais. Transfigurado para os cinemas em 2004, o filme reúne em apenas uma película os três primeiros livros da série – o que impediu de um melhor aprofundamento nos quesitos históricos.

“Caro Leitor, sinto muito dizer que o livro que você nas mãos é bastante desagradável.”


De tantos heróis da ficção, não poderia ficar de fora Stephen King. “Celular” (2006) não é de longe melhor do que “O Iluminado” ou que a série “A Torre Negra”, entretanto trata de assuntos tão macabros quanto. O evento primordial do contexto acontece no dia primeiro de outubro às 15h03 de uma época não mensurada e desimportante, em Boston: telefones celulares são agentes disseminadores de loucuras psicóticas, em que seus proprietários transformam-se em criaturas “fonáticas”, desprovidas de afeto humano e sedentas por carne. É nesse contexto que se encontra Clay Riddel, mero desenhista que tenta chegar em casa à procura de seu filho e ex-mulher. O livro é intenso, por absoluto, e traça uma crítica cruel ao capitalismo carnívoro dos diais atuais – ainda lembro-me de uma cena forte descrita minuciosamente nas páginas: um homem, totalmente nu, ainda (e apenas) com seus tênis Nike a correr pela avenida, à caça de novas presas e destinos adjacentes. 

“E o apocalipse foi iniciado apenas por aquele simpático toque                       de telefone celular.”


O clássico “O Hobbit” (1937) transporta-nos, enquanto leitores, para uma realidade paralela. J. R. R. Tolkien conta a estória do feito extraordinário realizado por Bilbo Bolseiro e seus amigos – mago Gandalf e treze anões –, que partem rumo às Montanhas Sombrias das Terras-Médias em busca do tesouro pertencente aos anões, roubados pelo dragão Smaug em épocas longínquas. A descrição desenvolvida por Tolkien é uma mescla surpreendente que remete à medievalidade e itens criados exclusivamente por uma mente literária de estilo impecável que Tolkien sabia realizar. Ao decorrer das páginas há a presença de desenhos belos e inesperados, que, por fim, auxiliam na imaginação do leitor. O livro – que tem por ordem cronológica anterior às narrações da trilogia “O Senhor dos Anéis” – ganhará vida nas telas do cinema em 2012 e 2013, já que a estória será dividida em duas partes.  

“Numa toca no chão vivia um hobbit. Não uma toca desagradável, suja e úmida, cheia de restos de minhocas e com cheiro de lodo; tampouco uma toca seca, vazia e arenosa, sem nada em que sentar ou o que comer: era a toca de um hobbit, e isso quer dizer conforto.”


O Guia Do Mochileiro das Galáxias” (1985) é o primeiro de uma “trilogia” de quatro (que na verdade são cinco), que originalmente era transmitido à população britânica via ondas radiofônicas, no período de 1978. Arrisquei-me a comprar a coleção num site de compras da internet por meros trinta e cinco reais e, por bem, não me arrependo do dinheiro investido. Por meio do humor ácido, sarcástico e cômico de Douglas Adams, os leitores são levados em aventuras por meio do hiperespaço e do cosmo. Os personagens Arthur Dent, Ford Prefect, Trillian, Zaphod Beeblebrox e Marvin (o robô maníaco depressivo) são orientados pelo (obviamente) Guia do Mochileiro das Galáxias, o “repositório padrão de todo o conhecimento e sabedoria”. O que não me era esperado nos escritos de Adams é a discussão de questões filosóficas e existenciais, na tentativa de responder às perguntas primordiais: o que fazemos aqui, de onde viemos, qual o nosso destino? O livro também foi adaptado aos cinemas e distribuído, principalmente, pela Walt Disney Pictures em 2005.

“Don’t Panic!”


Por último, mas não menos importante dos que acima citados, “Uma Princesa de Marte” (1917) é o primeiro de uma coleção de onze livros de Edgar Rice Burroughs, que relata a história romântica de John Carter nas terras desconhecidas de Marte (ou Barsoom, como é chamado por seus habitantes). Sua chegada no planeta distante acontece por motivos não revelados e resultantes da procura de abrigos em uma caverna. Desconhecido no meio de anônimos, Carter é aprisionado por criaturas hostis, mas de extrema inteligência. Entrementes, é apresentada Dejah Thoris, princesa de Helium, que à primeira vista rouba a perspectiva e foco do protagonista com seu amor carnal e respeitoso. O leitor se verá entretido em uma leitura dinâmica, semelhante às experiências traçadas no filme “Avatar”, de James Cameron – que revela: fora influenciado por Burroughs e suas estórias extraterrestres. 

“Eu não podia permitir que o acaso lhe desse ainda mais dor e sofrimento ao declarar que meu amor ao qual, com quase absoluta certeza, ela não corresponderia.

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