terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Livros para se adentrar no mundo de Agatha Christie - Parte I

Por Arthur Franco

Dizem que seus livros só não foram mais traduzidos do que a Bíblia e as obras de Shakespeare. Com mais de 80 romances publicados, Agatha Christie me conquistou ainda na adolescência, com meus 15 anos e tempo de sobra para ler. Era mais de um livro por semana: nas aulas, em casa, na rua, em qualquer espaço de tempo livre, estava eu com alguma obra ‘agathachristiniana’ embaixo do braço. As tramas muito bem estruturas e a variedade de motivos/armas/circunstâncias foram as pedras angulares para que meu coração desenvolvesse uma paixão por Christie. Os personagens, todos com o psicológico quase que ‘analisado’ ao longo das histórias, cativavam e sempre levavam a procurar mais um volume. E nesse quesito pouco tenho a reclamar: a Biblioteca Municipal de Uberlândia possuía quase todos os exemplares.  

Da maioria dos livros, vem o famoso Poirot, detetive belga , de “um metro e sessenta e dois; a cabeça, do formato de um ovo, ligeiramente inclinada para um lado; olhos de um verde brilhante quando excitado; espesso bigode hirsuto como costumam usar os oficiais do Exército; e uma pose de grande dignidade". Com a ajuda de suas células cinzentas e nunca sem deixar de lado o método e a ordem, consegue sempre revelar o criminoso. 

Mas não só de Poirot se fez Agatha Christie. Junto vieram Miss Marple, velhinha astuciosa dona de um olhar inocente, mas que sempre segue implacável frente ao crime; Tommy e Tuppence, casal de detetives que juntos buscam aventura na solução de mistérios; e Parker Pyne, que se define como ‘detetive do coração’: “Você é feliz? Se não for, procure Mr. Parker Pyne,no No. 17 da Rua Richmond.”

Além disso, outros dois personagens certamente ficam na memória dos leitores: o capitão Arthur Hastings, companheiro fiel e ajudante de Poirot, mas que às vezes o leva na direção errada; e Ariadne Oliver, escritora de romances policiais que muitos consideram o espelho de Agatha Christie. 

PS: nem todos os livros são protagonizados pelos detetives supracitados. Alguns são narrados e investigados por personagens que são de alguma forma empurrados para o mistério e se vêem em condições e impelidos a resolvê-lo. 

Como o volume de obras escritas por Agatha Christie é imenso, seleciono aqui 5 obras que recomendo e nomeio como algumas das melhores, baseados em fatores subjetivos e em variáveis como circunstâncias do crime, táticas utilizadas, originalidade e construção da trama. 

Vamos então aos livros:
Treze à Mesa (1933)

Detetive: Hercule Poirot
Quando treze pessoas estão sentadas a uma mesa, a primeira a se levantar está destinada a morrer. Foi essa superstição que deu à Crhistie a idéia para Treze à Mesa. Jane Wilkinson não esconde de ninguém que quer de todo modo se livrar de seu marido. Quando Lord Edgware aparece morto, todas as suspeitas recaem sobre ela. Mas no momento do crime, Jane participava de um jantar e 12 pessoas são testemunhas de que ela só se levantou da mesa para atender ao telefone. Se Jane tem um álibi, então quem era a misteriosa loira que a empregada viu entrando no escritório de Lord Edgware instantes antes do assassinato? 

"Sabe meu amigo que cada um de nós é um mistério, um labirinto de paixões e desejos e aptidões?"


 
Convite para um homicídio (1950)

Detetive: Miss Marple
"Convida-se para um homicídio, a ter lugar sexta-feira, 29 de outubro, em Little Paddocks, às 18h30m. Espera-se a presença de todos os amigos da família; não haverá outra convocação." É com grande surpresa que Letitia Blacklock, moradora de Little Paddocks, lê esse anúncio no jornal. A dona de casa não sabe quem é o autor dessa brincadeira, mas se vê em perigo quando sofre um atentado bem na hora anunciada pelo jornal. Miss Marple então começa a investigar e descobre que o é passado nem sempre ficou para trás. 

“Não consigo pensar em piadas muito melhores do que anunciar um assassinato no jornal local!
 




O Misterioso Caso de Styles (1920)

Detetive: Poirot
O primeiro livro de Agatha Christie é também a estréia de Hercule Poirot, além de apresentar o Capitão Hastings e o inspetor Japp, da Scotland Yard. Tudo parece indicar que Emily Inglethorp morreu de ataque cardíaco durante o sono. Mas o médico da família desconfia que envenenamento foi a verdadeira causa da morte. Mas como ela foi assassinada se todas as portas do quarto estavam trancadas por dentro? Nenhum membro da família tem um álibi convincente e todos tinham motivos para matar a Srª Inglethorp. Cabe às células cinzentas de Poirot descobrirem quem é o assassino. 

“Você deu excessiva rédea à sua imaginação. A imaginação é boa servidora e mestre ruim. A explicação mais simples é sempre a mais provável.”  



O Caso dos Dez Negrinhos (1939)

Detetive: nenhum
“Dez negrinhos vão jantar enquanto não chove; Um deles se engasgou e então ficaram nove.” Christie mais uma vez se utilizou de canções populares para criar esse famoso romance. A trama central do livro envolve a cantiga popular "Ten Little Niggers",  que narra o encontro de dez pessoas (ou indiozinhos, dependendo da versão), em que cada um vai morrendo de uma maneira. É justamente o que acontece com 10 estranhos confinados em uma ilha: cada um perece do jeito que a canção descreve. Mas ninguém é tão inocente quanto parece. Todos já cometeram algum crime e saíram impunes. Um deles sabe disso e está disposto a fazer que todos paguem pelos erros do passado. Só que quando a polícia consegue finalmente chegar à ilha, dez corpos são encontrados. Então, quem é o assassino?

"Oh, sim, eu não tenho nenhuma dúvida em minha mente de 
que fomos convidados aqui por um louco."


É Fácil Matar (1939)

Detetive: Luke Fitzwilliam
Primeiro morreu Amy Gibbs. Depois Carter. E Tommy Pierce. E o próximo certamente seria Dr. Humbleby. Todas as mortes podiam passar despercebidas, mas não para Miss Fullerton. Com a suspeita de que havia algo errado, a senhora decidiu procurar a Scotland Yard. No trem à caminho de Londres, ela conhece Luke Fitzwilliam, um ex-policial que não acredita na sua história de que há um assassino à solta em Wychwood-under-Ashe. Mas Luke é obrigado a mudar de idéia depois que Miss Fullerton é atropelada e o Dr. Humbleby aparece morto. Ao chegar à cidade para investigar, Luke parte em busca de um assassino que talvez nem exista, já que todas as mortes parecem naturais. Mas e se ele for real, será que o ex-policial pode impedir o próximo crime?

"É muito fácil matar, desde que ninguém suspeite de você."

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