domingo, 15 de janeiro de 2012

A primeira vez de Lisbeth Salander.

Por Arthur Franco


Os Homens Que Não Amavam As Mulheres é o primeiro livro da Trilogia Millennium, que também engloba os livros A Menina que Brincava com Fogo e A Rainha do Castelo do Ar, todos escritor sueco Stieg Larsson. Lançado primeiramente em 2005, o livro já foi adaptado duas vezes para o cinema: uma primeira versão em 2009, produzida pela companhia sueca Yellow Bird; e agora uma versão americana de 2011, dirigida por David Fincher, responsável por A Rede Social e O Curioso Caso de Benjamin Button.  Nessa nova versão cinematográfica, Daniel Craig interpreta Mikael Blomkvist e Rooney Mara é Lisbeth Salander. 
  
A temática principal do livro é o abuso sexual de mulheres e como essa exploração tem proporções muito maiores do que podemos pensar. Ao longo de suas 528 páginas, Stieg Larsson apresenta uma história que é incomparavelmente bem escrita e cativante. Misturando elementos de um romance policial e questões políticas e sociais, Larsson consegue combinar todos os personagens e amarrar todas as pontas soltas de uma forma tão que chega a ser surpreendente. O elemento suspense está presente do início ao fim, e logo no primeiro capítulo o autor utiliza uma manobra que Dan Brown já é mestre: apresentar algum ápice da trama que prende o leitor desde já e que só será explicado muito à frente. 

Nesse caso, o mistério é acerca de Harriet Vanger, que desapareceu em 1966 sem deixar vestígio algum. Até o seu desaparecimento, Harriet presenteava seu avô, Henrik Vanger, com uma flor emoldurada todos os anos em seu aniversário.  O problema é que, mesmo depois de seu desaparecimento, Henrik continua recebendo uma flor a cada aniversário. Ainda assim ele está convencido de que ela está morta e que algum membro da sua família foi o responsável. É na busca da solução para esse enigma é que o livro consegue se desenvolver tão continuamente e a leitura se faz ágil.

O protagonista masculino é Mikael Blomkvist, um jornalista responsável por várias denúncias de escândalos e esquemas financeiros. É ele que vai investigar o que realmente aconteceu com Harriet, sob o pretexto de escrever uma bibliografia da Família Vanger.  Mas a verdadeira atenção da trama é Lisbeth Salander. Pálida, magra, com cabelo curto e muitos piercings, Lisbeth é o que podíamos chamar “antagonista-protagonista”. É aquele tipo de personagem subjetiva e aversiva que vai contra todas as regras e contra tudo que se espera dela, mas que ainda assim conquista nossa afeição. E, por mais anti-social que Lisbeth seja, o seu caminho vai se cruzar com o de Mikael, revelando que os segredos dos Vanger vão muito além do que se acredita e certos atos têm conseqüências incalculáveis. 

Um fato curioso sobre a Trilogia Millenium é que somente após a morte de Larsson, as obras foram publicadas. O autor morreu em 2004, vítima de um ataque cardíaco, e em 2005 foram descobertos os manuscritos da Trilogia. Muito se especulou sobre a sua morte, já que constantemente Larsson recebia ameaças de morte. Depois do lançamento, os livros foram um sucesso imediato, sendo A Rainha do Castelo do Ar o livro mais vendido nos Estados Unidos em 2010 segundo a revista Publishers Weekly. 

Os Homens que Não Amavam as Mulheres é certamente um daqueles livros que é difícil de colocar de lado depois que se começa a ler e só consegue para quando a última página é virada. 

Confira abaixo o trailer da versão americana de Os Homens Que Não Amavam as Mulheres: 

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