domingo, 22 de abril de 2012

“Ter com o amor (um pouco)/ Mais de cautela/ Do que com tudo”

Por Carlos Gabriel F.

Pega esse teu chocolate quente, aproveita o clima frio lá fora e busca lá na estante, velhinha de tantas brochuras memoráveis, um dos seus livros favoritos, daqueles que narram uma realidade alternativa e que te fazem querer colocar em prática a história da autora. Que façamos viagens experimentais até países de diferentes expectativas; que nos façam experimentar culturas tão interessantes; que nos cative pelo diálogo exuberante através das mais diferentes pessoas, olhares e emoções; que nos leve na mais verdadeira sensação duradoura de que a mudança é possível, seja por meio da degustação de uma boa bolonhesa, da nervosa reza em suplica necessária por salvação diária ou pelo batimento acelerado do coração diante uma paixão inesperada. Relembre o gostinho inovador de “Comer, Rezar e Amar” porque eu quero falar da sua continuação “Comprometida: uma história de amor”. 



A adaptação do primeiro livro de Elizabeth Gilbert para as telas do cinema em 2010 foi um sucesso. A sua continuação nas brochuras, publicado no mesmo ano, não é tão conhecida, entretanto. Ao perguntar para colegas se já haviam lido “o depois” no segundo livro, negam-me com a cabeça em veemência e alegam, por vezes, que nem haviam realizado o conhecimento desta tal prolongação. Pois bem, que seja apresentado: “Comprometida” é o devaneio em voz alta de Elizabeth, entremeada de borrões de xícaras de chá e muitos drinks, tratando de diversos assuntos entrelaçados ao matrimônio. 

O livro é amavelmente dividido entre oito capítulos anacrônicos, que retratam os diferentes aspectos do casamento: suas surpresas, expectativas, histórias, paixões, subversões. Gilbert, ainda em paixão com suas viagens, descobertas culturais e o brasileiro Felipe, busca representar nas suas páginas a aceitação perante algo tão grandioso como este contrato de união. Liz atravessa as mais diferentes culturas, indo da Grécia Antiga até a Ásia, para absorver a si a verdadeira essência do relacionamento. Sua narração é antes de tudo uma súplica desesperada pela aceitação do enlaçamento entre duas pessoas. “Mas não há dúvida de que algo também se perdeu nos nossos lares modernos, fechados e privadíssimos. Observar a interação das mulheres hmong me fez pensar que a evolução da família ocidental, cada vez menor e mais nuclear, pode ter exercido uma pressão específica sobre os casamentos modernos.”

“Comprometida” é um ensaio sentimental de Liz sobre perguntas triviais acerca do casamento; questionamentos estes que circundam a maioria das pessoas e causam alguns tormentos no simples ato de responder “sim” – mas  palavra esta que é preenchida de tantos significados e responsabilidades. “Comprometida” é, sobretudo, a transfiguração de um rito de passagem recorrente a todos relacionamentos.

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