por Arthur Franco
Depois de ler o review do filme de Jogos Vorazes aqui no
Dois Leitores, fiquei na curiosidade de saber se o livro seguia a mesma linha.
Depois de sair do cinema, não deu outra: passei na livraria e já levei o volume
I para casa e em um final de semana já tinha devorado o livro.
A história escrita por Suzanne Collins relata a vida de
Katniss Everdeen, tão bem contada no longa metragem. Atrevo-me a dizer o que o
filme é um das produções baseadas em um livro mais bem adaptadas que eu já vi.
Pois bem, no livro encontramos a maioria dos elementos
presentes no filme. O mundo pós-apocalíptico, com um governo totalitário, em
que todos os anos 24 jovens são escolhidos para lutar até a morte. A arena onde
eles são confinados (bem no estilo pão e circo), com todos os seus perigos e
armadilhas. O Capitólio, que usa os então chamados Jogos da Fome (na tradução
de Portugal) para controlar e se manter no poder. A protagonista Katniss
Everdeen, que se oferece para substituir a irmã mais nova nos jogos e tenta
sobrepor seu lado humano à sede de sangue do Capitólio. Seu companheiro de
distrito Peeta Mellark, também obrigado a lutar nos jogos e matar os seus
adversários para deleite da população, que acompanha avidamente os jogos.
O enredo é bem estruturado. Não existem pontas soltas e nem
casos (ainda) não resolvidos. Certa vez li que a autora teve a idéia da
trilogia baseado-se em reality shows e guerras, fez uma combinação das duas imagens
e concebeu The Hunger Games (THG). Entretanto, preciso pontuar duas “pulgas
atrás da orelha” que me chamaram a atenção quando li o primeiro volume da
série.
A primeira se chama Battle Royale.
Esse é um livro, escrito em 1999 e transformado em filme em 2000, que tem muitos pontos em comum com o enredo de The
Hunger Games. A história se passa no Japão, em um futuro próximo, no qual as
crianças rebeldes são mandadas a uma ilha para matarem umas as outras, até que
sobre apenas uma. Como o primeiro volume de THG foi lançado apenas em 2008, sinto
que a autora pode ter tido uma pitada de ajuda na criação do enredo se baseando
em Battle Royale.
A segunda desconfiança tem como fundamento a série de livros
Feios, de Scott Westerfeld. O livro já ganhou um review aqui, mas tem como pano
de fundo algumas questões de THG. Em Feios, temos uma sociedade pós-apocalíptica
(!), regida por um governo totalitário (!!), em que uma heroína (!!!) tentar ir
contra o sistema. Temos aqui a semelhança do cenário, da investida contra o
governo totalitário, da descoberta de algo muito maior por trás da sociedade em
que os protagonistas vivem. Reconheço que as coincidências param por aí, mas
como o primeiro volume de Feios foi lançado em 2005, Suzanne Collins também
pode ter se baseado (mesmo que pouco) nessa série para desenvolver THG.
Mesmo que o enredo possa não ser assim tão original, o
livro tem seus pontos fortes. A história se desenvolve de forma rápida, em que
logo queremos virar a página para descobrir o que acontece em seguida. É tudo
muito bem estruturado, bem amarrado e as cenas de ação têm boas descrições. Mas
também existem os pontos fracos. O principal é no quesito linguagem. Katniss é
a narradora do livro, descrevendo tudo em primeira pessoa. As suas
descrições, porém, são todas no presente. Esse foi um dos únicos (se não o único) livro
que eu li em que tudo é descrito no momento em que ocorre. Isso pode tornar a
leitura estranha e um pouco desgastante para aqueles que não estão habituados
(assim como eu). Outro ponto fraco são as descrições. Curtas e diretas, sem
muitos elementos para que o leitor entenda com todos os detalhes as cenas. Entretanto, aí entra o papel fundamental de todo leitor: utilizar a imaginação para compor
a história dentro de sua cabeça.
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