Por Arthur Franco
“Thinner”. Foi a frase que,
acompanhada de um beijo na bochecha, mudou completamente a vida de Billy
Halleck. A Maldição do Cigano foi inicialmente publicado em 1984 sob o pseudônimo
de Richard Bachman. Quando então foi revelado que o seu verdadeiro autor era Stephen
King, as vendas subiram bastante. O filme ganhou uma adaptação cinematográfica de 1996, que no Brasil ganhou o nome de A Maldição.
Billy Halleck, advogado até então bem
sucedido e feliz ao lado da esposa Heidi e da filha Linda, só tinha como
problema a sua obesidade. Até um dia que atropelou uma cigana, que, segundo ele
“surgiu do meio de dois carros”. O fato é que, enquanto dirigia, sua esposa o
entretinha sexualmente. Desse jeito, não havia mesmo como parar o carro quando
a cigana apareceu no meio da rua.
Levado aos tribunais para pagar
pelo seu erro, Billy é absolvido por um juiz amigo, que decide que tudo não
passou de um acidente. Inconformado com a justiça dos homens, Taduz Lemke, o
pai da cigana atropelada, resolve fazer a justiça dos ciganos.
“Emagrecido. E antes que Halleck
possa recuar, o velho cigano estira o braço e acaricia-lhe a face com um dedo
torcido. Os lábios dele entreabrem-se como uma ferida, exibindo alguns cacos de
dentes que despontam das gengivas, à maneira de lousas tumulares quebradas.
Cacos de dentes enegrecidos e esverdeados. A língua do velho se esgueira por
entre eles e então desponta, para lamber os amargos lábios sorridentes.”
Billy então, sem acreditar na
maldição, vê o ponteiro da balança descer a cada dia. Maldições não existem,
pensava ele. Mas quando ele descobre que os outros envolvidos no julgamento
também passam a sofrer estranhas transformações, Billy fica aterrorizado. Seus
113 quilos estão simplesmente evaporando e a cada dia o advogado ganha um
aspecto mais cadavérico, apesar de sempre comer mais e mais.
O único que pode reverter essa
situação é Taduz Lemke, mas não vai ser fácil convencê-lo. Billy se junta com o
seu amigo mafioso Richard Ginnelle e juntos vão cruzar meio país atrás do
cigano. E quando o encontrarem, Billy vai ter de provar que já pagou pelos seus
pecados. Mas será que Taduz é capaz de perdoá-lo pela morte de sua filha?
Durante a leitura, as noções de justiça, vingança e culpa são colocadas
a prova e dialogadas com o terror e o medo da morte. A partir do momento que
Billy vê que está perdendo peso de uma forma inimaginável e toma noção de que se continuar
assim vai morrer logo, o advogado começa a pensar no que fez e no modo que leva
a vida. É um reflexo do popular ditado “a justiça tarda, mas não falha”.
Porque, nas palavras do cigano Taduz, “todo mundo paga, homem branco da cidade –
mesmo por coisas que não fez. Porque, de fato, é assim que tem de ser.“
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