sábado, 11 de fevereiro de 2012

“Thinner”


Por Arthur Franco

“Thinner”. Foi a frase que, acompanhada de um beijo na bochecha, mudou completamente a vida de Billy Halleck. A Maldição do Cigano foi inicialmente publicado em 1984 sob o pseudônimo de Richard Bachman. Quando então foi revelado que o seu verdadeiro autor era Stephen King, as vendas subiram bastante. O filme ganhou uma adaptação cinematográfica de 1996, que no Brasil ganhou o nome de A Maldição.

Billy Halleck, advogado até então bem sucedido e feliz ao lado da esposa Heidi e da filha Linda, só tinha como problema a sua obesidade. Até um dia que atropelou uma cigana, que, segundo ele “surgiu do meio de dois carros”. O fato é que, enquanto dirigia, sua esposa o entretinha sexualmente. Desse jeito, não havia mesmo como parar o carro quando a cigana apareceu no meio da rua.

Levado aos tribunais para pagar pelo seu erro, Billy é absolvido por um juiz amigo, que decide que tudo não passou de um acidente. Inconformado com a justiça dos homens, Taduz Lemke, o pai da cigana atropelada, resolve fazer a justiça dos ciganos.  

“Emagrecido. E antes que Halleck possa recuar, o velho cigano estira o braço e acaricia-lhe a face com um dedo torcido. Os lábios dele entreabrem-se como uma ferida, exibindo alguns cacos de dentes que despontam das gengivas, à maneira de lousas tumulares quebradas. Cacos de dentes enegrecidos e esverdeados. A língua do velho se esgueira por entre eles e então desponta, para lamber os amargos lábios sorridentes.”

Billy então, sem acreditar na maldição, vê o ponteiro da balança descer a cada dia. Maldições não existem, pensava ele. Mas quando ele descobre que os outros envolvidos no julgamento também passam a sofrer estranhas transformações, Billy fica aterrorizado. Seus 113 quilos estão simplesmente evaporando e a cada dia o advogado ganha um aspecto mais cadavérico, apesar de sempre comer mais e mais. 

O único que pode reverter essa situação é Taduz Lemke, mas não vai ser fácil convencê-lo. Billy se junta com o seu amigo mafioso Richard Ginnelle e juntos vão cruzar meio país atrás do cigano. E quando o encontrarem, Billy vai ter de provar que já pagou pelos seus pecados. Mas será que Taduz é capaz de perdoá-lo pela morte de sua filha?

Durante a leitura, as noções de justiça, vingança e culpa são colocadas a prova e dialogadas com o terror e o medo da morte. A partir do momento que Billy vê que está perdendo peso de uma forma inimaginável e toma noção de que se continuar assim vai morrer logo, o advogado começa a pensar no que fez e no modo que leva a vida. É um reflexo do popular ditado “a justiça tarda, mas não falha”. Porque, nas palavras do cigano Taduz, “todo mundo paga, homem branco da cidade  –  mesmo por coisas que não fez. Porque, de fato, é assim que tem de ser.“


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