segunda-feira, 25 de junho de 2012

Hey, Lolita, hey!


Por Carlos Gabriel F.


Lolita Pille, na beira dos seus trinta anos, talvez seja uma das escritoras francesas mais lúcidas desses tempos de desassossego contemporâneo. A autora causou um alvoroço na esfera literária com seu primeiro livro, “Hell – Paris 75016” (2003) – como se uma Darren Aronofsky na escrita, Lolita critica a liquidez dos laços joviais: com suas drogas subjetivas. Na eterna capital das luzes, com detalhes arquiteturais tão românticos, a autora nos leva através da vida de parisienses ricos submersos em sintéticos, grifes e festas noturnas. A sinceridade cotidiana de Lolita é marcante; edificando em páginas em branco o seu alter-ego a ser imponentemente exuberado. 

Não diga que a felicidade é efêmera. A felicidade não é efêmera. O sentimento que se sente e é tomado como felicidade quando se está apaixonado, quando se teve sucesso em alguma coisa, é uma liberdade condicional antes de conhecer a pena: o ser amado não se parece com nada, o que você conseguiu não serve pra nada. Isso não a faz infeliz, mas consciente. A felicidade não acaba, ela se retifica.

Com a sua fama veio os dois livros adjacentes, “Bubble Gum” (2004) e “Crépuscule Ville” (2008). Fazendo várias referências a clássicos da literatura, como o pacto faustiniano de Goethe, Lolita traz a tona a vontade complexa de se tornar importante e ídolo de tantos — como se a vida fosse um filme, seus personagens tramam uma história preenchida de contra-regras e vidas separadas, em uma angústia marcante e subjetivamente ultrajante. Seguimos com suas referências apocalípticas totalitárias e tentando entender em pensamentos o verdadeiro significado de “humanidade”. 

Nós inventamos a luz para negar a escuridão. Colocamos as estrelas no céu, plantamos postes a cada dois metros nas ruas. E lâmpadas dentro de nossas casas. Apague as estrelas e contemple o céu. O que você vê? Nada. Você está diante do infinito que seu espírito limitado é incapaz de conceber, de forma que você nada mais enxerga. E isso o angustia. É angustiante estar diante do infinito. Fique calmo; os seus olhos sempre encontrarão as estrelas obstruindo a trajetória deles e não irão mais longe. De forma que o vazio dissimulado por elas será ignorado por você. Apague a luz e arregale os olhos ao máximo. Você nada verá. Apenas a escuridão, a qual é mais percebida do que vista por você. A escuridão não está fora de você, ela está em você.

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